3. Abril 20243 1⁄2 dias no centro de acolhimento de animais Hogar de Asis em La Carolina

“Então, provavelmente, não é para ser” foi o meu primeiro pensamento quando ouvi falar da greve dos comboios e dos voos na Alemanha – e do mau tempo que se previa. No dia da minha partida para Espanha, entre todos os lugares. Estava planeado há semanas que eu me encontrasse com a mediadora da organização de proteção dos animais Europa – Regina Ehrat – em Zurique e que depois viajássemos juntos para La Carolina via Málaga. O meu segundo pensamento foi: “Tenho de gerir isto de alguma forma”. Foi exatamente isso que aconteceu e encontrei a Regina a horas em Zurique para voar para Málaga com ela e depois conduzir as três horas até La Carolina num carro alugado. Tudo financiado pelo sector privado, como é óbvio.

O que é que eu queria fazer em Espanha, no abrigo de animais parceiro da TSV Europa? Desde 2018 que tenho vindo a adotar três cães de dois abrigos de animais espanhóis, dois dos meus cães estavam anteriormente numa perrera (centro de abate). O meu cão mais recentemente adotado vem do abrigo Hogar de Asis. A minha pequena matilha é constituída por quatro cães no total. Sou também dador, membro da associação e apadrinhei cães no TSV Europa. Queria obter respostas a duas questões principais da viagem:

Como é que os meus cães viveram no abrigo de animais em Espanha antes de virem para mim? Como é que é lá? Mas eu não queria de maneira nenhuma ver uma perrera.
Como é o bem-estar dos animais no terreno em Espanha? Como é que os patrocínios e os donativos ajudam?

Quando chegámos a La Carolina, fomos diretamente para o abrigo de animais. Gostei da cidade com a sua estrutura em forma de tabuleiro de xadrez (bom para o meu fraco sentido de orientação!), as suas casas de estilo colonial e as ruas com muitas laranjeiras. Muito típico da região e nada turístico. Infelizmente, a zona industrial em que se situa o Hogar de Asis é também muito típica: mesmo ao lado de uma rehala* e em frente a um depósito de lixo ou sucata. A chuva tornava tudo ainda mais sombrio. A chuva e o vento acompanharam-nos durante toda a nossa estadia em La Carolina.

No entanto, isso foi imediatamente esquecido quando a Regina me apresentou a Teresa, a directora do abrigo para animais, e a Josefine, a sua única funcionária, colega e apoiante. Ambas mulheres muito simpáticas e auto-confiantes, na casa dos cinquenta anos, com uma aura calorosa e muito positiva. Senti-me imediatamente bem-vinda e em casa. O que também me impressionou imediatamente foi a limpeza absoluta do edifício, não cheirava a cão ou … e os simpáticos cãezinhos que andavam livremente à nossa volta. Tudo estava em ordem e isso com mais de setenta cães no abrigo. Fiquei impressionado e tenho o maior respeito pelo que eles fazem. A Teresa mostrou-me a sala de medicação e tratamento, a casa de banho com banheira para os cães, a arrecadação para cobertores, toalhas, etc., a arrecadação para a comida e a máquina de lavar roupa, que estava quase sempre a funcionar para lavar cobertores e toalhas para os cães.

Nas traseiras do edifício encontram-se os vários canis. Cada canil tem uma passagem para o exterior, mas também era bastante frio e húmido. Os cães sensíveis usavam todos uma camisola ou um casaco de proteção contra o frio. Cada cão tem um cesto (de plástico por razões de higiene) com um cobertor para se aconchegar, muita comida, o que é muito reconfortante, e água fresca. Os latidos de excitação porque de repente havia dois estranhos eram ensurdecedores. Os cães estavam sozinhos ou em pares, trios ou quatros nos canis, uma vez que o abrigo está muito cheio neste momento. No entanto, os cães não pareciam tristes, agressivos ou apáticos. Nos dias seguintes, iria descobrir porquê.

Quase não dormi na minha primeira noite em La Carolina porque não conseguia livrar-me dessas primeiras impressões e, por isso, não conseguia dormir.

Na manhã seguinte – como em todas as manhãs da nossa estadia – a Regina e eu estávamos no abrigo às 9h em ponto e começou a rotina diária no abrigo: limpar os canis, mudar e lavar os cobertores, alimentar, encher os bebedouros, soltar os cães em grupos (difícil com o mau tempo!) e assim por diante. Como os cães não me conheciam, eu só podia ajudar no “programa social”, nas visitas ao veterinário, nos cuidados médicos ou na recolha de excrementos no exterior … e, claro, dar mimos a cada um dos cães ou simplesmente estar presente para um ou dois deles.

O que é que eu chamo a um “programa social”? O que eu acho muito notável é o facto de cada cão ser testado para ver até que ponto é socialmente compatível em determinadas situações, com ruídos e com determinadas pessoas – como crianças ou homens. Tudo documentado em vídeo. Foi muito interessante estar lá.

Os três dias e meio no abrigo de animais foram tão impressionantes que gostaria apenas de enumerar aqui o que mais me impressionou e que provavelmente será sempre recordado:

O incrível amor pelos cães, a perseverança e a paciência de Teresa e Josefine sete dias por semana!!!
A sensação de familiaridade no abrigo com os cães
Cerca de 30 a 40 cães na pista – eu como um estranho no meio – e todos os cães se dão bem (sem stress ou mordidelas) porque têm total confiança na Teresa e na Josefine e consideram-nas e respeitam-nas como líderes da matilha. Não funcionaria de outra forma.
Uma visita ao veterinário com um adorável Mastin de 50 kg com trela
Com o Benito, o pequeno pirata (um adorável cão de guarda que não é assim tão pequeno!) no veterinário. O seu olho direito foi operado por razões médicas Ele era tão incrivelmente corajoso e estava feliz por me deixar “cuidar” dele sob a forma de mimos e salsichas.
Os olhos dos cães por detrás das grades do canil
Os cães que provavelmente não têm qualquer hipótese de serem realojados e para os quais o abrigo Hogar de Asis continuará a ser a sua casa. Que bom que a Josefine está lá. Ela é compreensiva e carinhosa e dedica tempo a cada cão, independentemente do seu estado de trauma.
Pude conhecer a mãe do meu cão adotado.

Por último, gostaria de voltar à questão de saber se recebi respostas às minhas duas perguntas. SIM. Compreendo o contexto dos meus cães provenientes de Espanha e posso classificar e compreender melhor alguns dos seus comportamentos. Agora percebo porque é que eles estavam tão relaxados em Emmendingen depois do transporte: Foram muito bem tratados e tratados durante a sua estadia nos respectivos abrigos para animais (de acordo com as circunstâncias).

Os donativos e os patrocínios são muito importantes para os cuidados médicos dos cães (por exemplo, a operação ao olho do Benito), para uma boa alimentação, para poder pagar a uma ajuda temporária, para poder construir uma vedação segura, para poder modernizar e ampliar os canis, para ter pulôveres e casacos para cães contra o frio, cobertores para se aconchegarem e muito mais.

Finalmente, gostaria de dizer um grande obrigado à Regina por ter tido a coragem (tal como eu) de correr o risco de viajar para Espanha com uma desconhecida no seu tempo livre para lhe dar a conhecer o trabalho de um abrigo de animais parceiro, e pelo importante e incansável trabalho (de equipa) de todos os voluntários da Associação Europeia para o Bem-Estar dos Animais. Um olhar interessante sobre os “bastidores”, que me fez respeitar ainda mais o empenho de todos os membros da equipa TSV Europa que contribuem para a colocação de um cão de assistência animal.

Muito obrigado também à Teresa e à Josefine pela sua abertura e hospitalidade. Estou ciente de que os “visitantes”, por vezes, perturbam ou perturbam os processos de rotina. Sempre que possível, tentei dar apoio. O segundo pequeno-almoço diário com churros, chocolate e café permanecerá inesquecível – sempre rodeado de cães. Obrigado e muchas gracias.

Silvia Marhenke Em março de 2024

*Uma rehala é um abrigo onde os caçadores guardam as suas matilhas de caça. Pode ser um barracão, uma garagem ou simplesmente um buraco no chão.